domingo, 6 de setembro de 2015

UM DIA


Nunca tinha ouvido falar em David Nicholls (1966) até ler uma matéria no jornal sobre seu quarto livro, Nós. Nessa entrevista ele falava do retumbante sucesso de Um Dia, seu terceiro livro, lançado em 2009 e adaptado para o cinema em 2011 com Anne Hathaway e Jim Sturgess nos papéis principais. Imediatamente fiz um retrospecto de onde eu estava em 2009 e em 2011 respectivamente para não ter sequer percebido o livro e principalmente o filme, porque gosto imensamente da Anne Hathaway. Depois de pensar um pouco e descobrir que eu não estava em Marte, me recolhi à insignificância do meu ser e entendi que não consigo saber 100% de tudo que acontece no mundo. Mas é possível correr atrás do prejuízo e então tratei de comprar o livro e saber que história é essa.

Um Dia parece, a princípio, ser um livro bobinho sobre o amor de dois jovens que, exatamente por serem jovens, não conseguem expressar o que sentem um pelo outro. Ela, Emma, mais centrada, preocupada com a sobrevivência, cheia de planos para o futuro, dispara uma pergunta para ele no primeiro dia que se conhecem e passam, sem sexo, a noite juntos: Como você acha que estará quando estiver com 40 anos? Ele, Dexter, mais indeciso, sem problemas financeiros, paradoxalmente seguro com todas as mulheres do mundo, mas, completamente inseguro ao lado de Emma, não sabe que resposta dar.

Nesta noite de 15 de julho de 1988, Em e Dex se conhecem na festa de formatura após passar todo o curso sabendo da existência um do outro sem se aproximar. Esse dia é a marca do livro. Data que definirá cada capítulo ao longo dos próximos vinte anos, quando ambos estarão na faixa dos quarenta, saberemos ano a ano como eles estão vivendo. O autor consegue a proeza de alternar no mesmo capítulo a visão de Emma, os sentimentos de Dexter e as descrições dos fatos pelo narrador onipresente sem que fique confuso. Sabemos exatamente os sentimentos de cada um, o que estão fazendo e o que não fizeram. Tantas coisas não ditas, atitudes não tomadas e outras pessoas envolvidas traçam a vida de dois jovens amigos... Não, é mais que isso, namorados... Também não, nunca foram oficialmente, melhores amigos... Talvez seja a descrição mais acertada, ou quem sabe... Feitos um para o outro. Você acredita nisso?

O fato é que me emocionei no final, sou um panaca que gosta de comédias românticas, canceriano incurável, e me peguei fazendo um retrospecto. Um dia escolhido nos últimos dez anos, lembrando o que estava fazendo e o que deixei de fazer, quem era importante, quem deixou de ser, e quem continua fazendo parte da minha insignificante existência. Vai tentar?

Agora que já li o livro, vou ver o filme.

Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Banco da Praça N. S. da Luz - Pituba
Data: 03/10/2015

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