domingo, 8 de setembro de 2013

RICARDO AMARAL APRESENTA: VAUDEVILLE


É fato, ultimamente ando esquecendo as coisas. Às vezes durante uma conversa quero citar um livro, um filme ou um ator e o nome não vem. Apesar de ter uma memória fotográfica excelente sou capaz de descrever a capa de um livro sem, contudo, lembrar o nome dele. A mesma coisa com o nome de um ator, ou atriz, sou capaz de dizer a novela, o personagem, mas o nome me foge, depois de certo tempo o título ou o nome aparece na memória como se fosse mágica. Várias vezes, ao escrever aqui no blog, recorro ao Google para avivar minha memória e escrever corretamente o nome de algum autor cujo livro eu sei que li. Será que nossa memória está ficando preguiçosa por saber que basta um clique e teremos a resposta no computador, celular, tablet, ou seja lá o que estiver ligado na rede?

Embora a consulta seja fácil não confio 100% do que está escrito na rede, até porque a internet é como um papel em branco, aceita qualquer coisa. Por isso continuo consultando dicionários e checando em várias fontes quando pesquiso um dado qualquer. E não perco a mania de fazer anotações na minha agenda sobre fatos, pessoas, livros, filmes, peças de teatro, sou um colecionador de programas de peças de teatro, óperas, dança, shows... Sim, tenho vários programas de shows, quando ainda se fazia esse tipo de coisa. Acho que vem daí meu gosto por livros de memórias. Não pelo lado fofoqueiro para saber a vida de famosos, e sim pela história que vivi junto ou que desejo conhecer. Quando li Noites Tropicais do Nelson Motta, O Circo Eletrônico do Daniel Filho, O Livro do Boni e vários outros, me emocionei em passagens porque em muitos momentos eu estava lá. É incrível dizer isso: “Eu estava lá”, ou dizer “Eu assisti isso”, eu fui um participante daquele momento, eu estava na plateia.

O fato aconteceu novamente ao ler o livro do Ricardo Amaral (1941) que se chama Ricardo Amaral apresenta: Vaudeville. São quase 500 páginas com 55 tópicos que li em apenas cinco dias tamanho o prazer em desfrutar de memórias tão entusiasmadas e tão bem escritas. Tem gente que passa a vida vivendo e tem gente que vive a vida, o Ricardo Amaral está definitivamente no segundo grupo. É uma obra para ler, aprender e se divertir com as mais diversas vertentes; do colunista ao empresário e produtor, uma lição.

Mas será que é tudo verdade? Logo na introdução ele revela:

“Juro que meu testemunho é o mais límpido produto da absoluta imprecisão. A mistura de um esforço de memória com a natural invenção involuntária que tenho praticado provavelmente no cotidiano. Os fatos que aqui conto, prometo, são verdadeiros, mas não consigo afirmar se realmente aconteceram, embora tenham sido buscados em minha memória consolidada. Na realidade, tenho dúvidas, por duas razões básicas. É um suceder de fatos muito intensos, e o leitor terá o direito de duvidar. E, principalmente, porque tenho ouvido e lido tantas versões de histórias por mim vividas, de tal maneira deturpadas, que começo a duvidar das minhas próprias!”

Para mim é uma biografia muito franca, e não exerci meu direito de duvidar.

Cidade do abandono: Salvador\BA
Local: Doces Sonhos - Corredor da Vitória
Data: 06\10\2013

Um comentário:

  1. Adorei esse livro e também li em poucos dias, apesar dele ser beem grosso...rsrs. Mas, infelizmente, minha memória anda me traindo, assim como a sua. Por isso, não lembro de quase nada dele. Acho que assim que tiver tempo sobrando na fila de leituras, vou reler. Coragem a sua abandoná-lo!

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