domingo, 9 de outubro de 2011

MACUNAÍMA


Na sexta-feira passada ao sair do trabalho passei no shopping aqui perto de casa e por curiosidade, juro que não pretendia comprar nada, entrei na livraria. Bem, a curiosidade se refletiu em duas compras; a primeira foi o livro de memórias do Ricardo Amaral chamado Vaudeveille que comecei a ler ontem e estou aproveitando a leitura para malhar bíceps uma vez que o livro é um tijolão de 500 páginas. Mas o que isso tem a ver com o blog? Calma.
A segunda compra foi ao acaso, passando pela estante cujo tema era ‘Clássicos’ fiquei a pensar nos títulos que eles consideraram como tal. Eu sempre me empolgo com aquelas listas sobre os 100, ou os 1000 livros que você deve ler antes de morrer e em geral me sinto um obtuso porque vejo que não li nem metade do recomendado, mas eu sigo em frente lendo o que me cai às mãos sem seguir uma regra ou uma lista publicada sabe-se lá com que critério. Mas o que isso tem a ver com o blog? Calma.
A estante estava realmente cheia de clássicos: Guerra e Paz, Édipo Rei, Decamerão, O Pequeno Príncipe, Os Três Mosqueteiros, Crime e Castigo, O Velho e o Mar, 1984, A Peste, Os Lusíadas, Ensaio Sobre a Cegueira, A Hora da Estrela, Os Sertões, O Tempo e o Vento... etc., e Macunaíma. Este último me chamou à atenção.
Já falei aqui sobre o Mário de Andrade, post Contos Novos em 20/08/2011, mas confesso que não resisti e comprei o livro só para abandoná-lo, fato inédito até aqui uma vez que abandono meus próprios livros, lidos, relidos, e por vezes cheios de anotações. Acontece que o meu Macunaíma é de novembro de 1981, com várias anotações depois que vi o filme, e este vou deixar para a posteridade. O que me chamou à atenção na época e chama até hoje é que Macunaíma é um anti-herói, um herói sem nenhum caráter, safado, mentiroso, traidor, além de extremamente preguiçoso. O livro é voltado para uma ótica cômica, critica o romantismo, utiliza-se dos mitos indígenas, das lendas, provérbios do povo brasileiro e registra alguns aspectos do folclore do país até então pouco conhecidos, lembrando que foi escrito em 1928. É uma obra surrealista, onde se encontram aspectos ilógicos e fantasiosos. Apresenta críticas implícitas à miscigenação étnica (raças) e religiosa (catolicismo, paganismo, candomblé) e uma crítica maior à linguagem culta já vista no Brasil.
Macunaíma está na minha memória como um dos clássicos da literatura brasileira, vale à pena aventurar-se.

PS: Na edição que comprei para abandonar há um capítulo extra intitulado “Para Entender Macunaíma” que traz um panorama sobre a escrita do livro e fatos que marcaram a vida do escritor Mário de Andrade fazendo com que o leitor atual identifique as vertentes modernistas que marcaram a época.
Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Sala de Arte - Cinema da UFBA
Data: 18/12/2011

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